12 de abr. de 2010

Um ator no projeto de Educação Patrimonial do
Arquivo Histórico de Porto Alegre




Por Cícero Neves*

Meu primeiro contato com o Arquivo Histórico Moysés Vellinho foi para fazer uma pesquisa. Já na chegada, tive uma grande surpresa. Eu não imaginava que no meio da Avenida Bento Gonçalves, um local rodeado de concreto, haveria um lugar assim. Até porque minha imagem de um arquivo, mesmo sendo ele histórico, era no melhor estilo prédio público, quadrado e cheio de janelas fechadas. Aquele ambiente de casarões antigos, árvores frondosas e pedras gigantes, já na minha chegada, trouxeram grande satisfação, o que tornou minha pesquisa menos maçante. Lembro-me de comentar com várias pessoas esta impressão.

O meu segundo contato com o Arquivo histórico Moysés Vellinho foi de trabalho. Uma amiga me indicou para atuar em um novo projeto que estava sendo desenvolvido. A remuneração que o projeto proporcionava e a satisfação de estar trabalhando naquele local foram dois grandes estímulos, além é claro do projeto em si.

Fiquei muito empolgado com a proposta. Tratava-se de falar sobre música, um tema muito empolgante para mim, e dar uma oficina de ritmo para os participantes. Eu nunca tinha dado tal oficina, mas a temática e o desafio foram o combustível para querer o trabalho. Então veio a resposta: eu havia sido escolhido. Fiquei muito feliz, e minha vontade de fazer o trabalho aumentou ao ver o cenário, uma grande tenda repleta de códigos musicais (teclas de piano pintadas ao fundo, instrumentos antigos pendurados, sinos de vento, um toca discos e um fantástico gramofone). Aquele cenário em contraste com a exuberância do local causava a impressão de estarmos entrando em outro mundo.


Mas a qualidade do trabalho está ligada diretamente às pessoas que o fazem e o quanto se envolvem na sua construção, e a equipe do Arquivo Histórico possibilita, com sua competência e dedicação, que este projeto alcance ótimos resultados.

Acredito que o artista, seja ele ator, músico ou artista plástico, não pode ficar fechado no seu mundo e em suas técnicas, ele precisa estar aberto e em contato com o mundo. Trabalhar no Arquivo Histórico Moysés Vellinho possibilita este contato, e assim me tornarei um ator melhor, um ser humano melhor.
Quando fui indicado para o projeto pensei na renda extra que teria. Hoje, depois de dois anos, acrescento o aprendizado extra, a vivência extra e a satisfação extra.

*Cícero Neves é ator e produtor da Ato Espelhado Companhia Teatral, onde desenvolve pesquisa em confecção de brinquedos e instrumentos produzidos a partir de sucata. Participa das atividades de Educação Patrimonial do AHPAMV desde 2008 interpretando o personagem Modulatus do Projeto Sensibilização para a Vida no âmbito humano, cultural e ambiental na vivência lúdica Sons da Natureza - expressão sonora da vida. Essa atividade atendeu 315 crianças até dezembro de 2009.

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